As usinas de concreto precisam de alguns parâmetros para poderem orçar e futuramente fornecer o concreto. A característica mais importante é a resistência à compressão, representada pelo famoso “fck”.
Em geral o fck ficará entre 150 a 180, caso não tenha sido especificado um outro valor pelo projetista da estrutura nos desenhos ou no memorial descritivo. Fica por conta da usina definir o traço necessário para conseguir a resistência pedida.
Além da resistência pode-se especificar também o tipo de pedra a usar, considerando o espaço entre as armaduras, ou seja, fixa-se o diâmetro máximo dos agregados e, se necessário o teor de cimento por m3.
Outro parâmetro que pode ser especificado é o “abatimento” (também chamado de “slump test”). Aqui, abatimento não tem nada a ver com preço menor, na verdade refere-se a um dado que determina a plasticidade do concreto, sua capacidade de ser moldado. Quanto mais complexa for a forma maior deverá ser o abatimento ou “slump”.
Ao comprar concreto usinado deve-se em mente que o tempo máximo aceitável no transporte do concreto no caminhão betoneira é de 90 minutos. Por isto, não adianta comprar concreto de usina muito afastada do local da obra e este fatos pode ser importantíssimo para obras afastadas dos grandes centros onde, neste caso, o concreto deverá ser feito em obra.
Quanto à descarga na obra, precisamos nos certificar de que no local de deposição do concreto não haverá obstáculos para a chegada do caminhão. Note que, no mínimo, a altura livre necessária é de 4 metros e a largura livre de 3 metros.
Os caminhões utilizados pelas usinas costumam ter as seguintes capacidades: 5, 7, 8 e 10 m3. Se o pedido for menor do que 5 m3 a usina poderá cobrar um adicionar pelo transporte, e isto deve ser negociado antes de se fazer o pedido. Note que mesmo o menor caminhão (5 metros) trará um volume considerável de concreto para ser despejado em no máximo 90 minutos, assim é preciso nos certificarmos de que a obra está equipada com o pessoal e equipamentos necessários para receber, transportar e lançar todo esse concreto.
Caso a concretagem seja especialmente difícil ou não tenhamos em obra os recursos para usar o concreto em 90 minutos, pode-se pedir para a usina colocar um aditivo retardador de pega. Ah, sim, não se esqueça de ter à mão vários vibradores, essenciais para compactar adequadamente o concreto no menor tempo possível. Tenha ao menos 2 vibradores pois se um deles quebrar durante a operação o outro pode substitui-lo, sob pena de se perder toda a carga de concreto e danificar-se a qualidade da estrutura.
Na maior parte das vezes as usinas entregam exatamente o volume pedido, até porque este é dosado cuidadosamente durante o lançamento no caminhão. Entretanto, manda a boa norma de procedimentos do Engenheiro ou Mestre de Obras que, eventualmente, se realize a medição de um ou mais caminhões. A medição é feita usando uma caixa (“masseira”) devidamente construída para medir volume de concreto. A existência da masseira é um alerta para a usina (e os motoristas do caminhão) de que naquela obra existe um controle de recebimento. É claro que são casos raros (será mesmo?) mas já aconteceu de constatarmos que o maior inimigo da compra de concreto de usina pode ser "aquela pequena obra perto da sua obra". Como assim? Bem, podem existir motoristas, digamos, não tão honestos e que achem que “com tanto concreto neste caminhão, ninguém vai notar se eu descarregar meio metro naquela obra do meu amigo...”, compreende ?
A resistência do concreto entregue e aplicado na obra deve ser aferido por testes em corpos de prova. Para tanto, a usina deve coletar corpos de prova de cada caminhão entregue ou, caso o engenheiro da obra estiver de acordo, de apenas alguns dos caminhões. Mas note que a usina só pode ser responsabilizada pela qualidade do concreto assim que este saiu do caminhão, cabendo ao responsável pela obra fazer o controle da qualidade do concreto efetivamente aplicado nas formas. Isto porque é possível receber um ótimo concreto na porta do canteiro, mas que resulte em um péssimo concreto quando posto nas formas, por deficiência durante o transporte, lançamento ou cura. Assim, em obras de responsabilidade (como em lajes e colunas) aconselha-se controlar a qualidade do concreto nas formas, tirando corpos de prova do concreto efetivamente lançado nelas que deve receber o mesmo tratamento -– em termos de cura -– do que as peças de onde foram retirados.
Um detalhezinho final -- mesmo comprando concreto de usina poderá ser necessário ter uma betoneira na obra para trabalhos miúdos de concretagem de pisos, pequenas obras e também para bater a massa usada nos revestimentos e assentamentos de alvenaria
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